Lua azul...
Olhos nos olhos eles giravam a doces passos. Ela sorria por que sorria sempre. Ele sorria por que estava com ela. Havia algo contagiante no jeito dela sorrir. Dançavam o Jazz, sequer imaginavam, estavam predestinados. Sequer imaginavam... Oras, ele apenas pensava nas próximas horas, provavelmente conseguiria levá-la para casa. Se, tivesse sorte entraria para um café... Se ela fosse uma daquelas mais atiradas, talvez aceitasse ver com ele as estrelas no penhasco. Não demoraria a deixá-lo roubar-lhe um beijo. Se prometesse se comportar, talvez ganhasse um pouco mais de tempo até conseguir desabotoar o sutiã ou, ao menos, sentir a seda de suas coxas até a cinta-liga. Se ele dissesse as coisas certas, se tocasse nos pontos fracos, ela acabaria cedendo, e eles fariam amor ali mesmo, no carro, no banco de trás. Ouviria seus sussurros. Seus gemidos. Seu prazer tímido. Dançavam ao som do sax. Entre giros e solos de trompete. A voz rouca de uma mulher negra e gorda os embalava. Deitada ao piano, ela seduzia a todos. E ela o seduzia com seus olhos castanhos de tâmara, ocultos sob a densa camada de máscaras nos cílios. Suas mãos se tocaram no ar e ela imaginava quais artimanhas usar naquela noite. Como demonstrar seu interesse sem demonstrar-se leviana. Usaria tudo o que aprendera com suas lágrimas passadas para colher risos futuros. Pensava em deixá-lo tocar de leve sua cintura por debaixo da blusa E talvez um beijo mais tórrido na despedida. Deixaria que ele a levasse até a porta, mas não o convidaria à entrar. Provavelmente a vontade de conquistá-la o faria procurá-la mais vezes. Isso lhe daria tempo de deixá-lo verdadeiramente apaixonado. Já que seu coração, naquela mesma noite, já fora cedido a ele junto com sua mão para a dança. Sentia-se perdida. E ele, completamente desnorteado com aquele sorriso e pensava, talvez, só dessa vez, não convidar a bela moça para ver as estrelas no penhasco. Ao invés disso, levá-la confortavelmente para casa. Despedir-se com um beijo dócil na testa e voltar na manhã seguinte com flores. Só dessa vez, ser o bom moço, conquistar sua família, não magoá-la. E ela o olhou novamente enquanto guiavam seus passos ao ritmo do contra-baixo. E pensando melhor ela decidiu arriscar tudo naquela noite. Entregar-se a paixão. Custe o que custasse. Seria dele como ele quisesse e não se importaria com o resultado de sua jogada. Arriscaria tudo e perderia se necessário. Não jogaria mais. Os dois dançavam o Jazz e não imaginavam. Não imaginavam que suas vidas estavam tão entrelaçadas. Que seus destinos a partir dali estaria à se completar. Que debaixo daquela lua eles eram um só...
Bia Ferreira
Comentários
Vai acabar na ABL desse jeito, rsrsrs...!!!
Já pensou esse mesmo trecho com eles dançando forró? impossível! rs
ps.: não eram drogas, é o trecho de um livro mesmo.
Que saudades do DQF!
Bjos
Que interessante, descritivo, intenso!
Adorei por demas!
:)