Se a vida lhe der pitangas....

Um sabor adocicado, levemente amargo e refrescante invadiu sua boca. Era de manhã e não havia nada para fazer a não ser contemplar as árvores frutíferas que pesavam em cores e cheiros diversos. 
No outono de 1999 esteve lá pela primeira vez. Parecia tudo igual. o mesmo balanço agora tomado pelo limo verde pendia no galho forte da velha mangueira. Aquela mesma mangueira onde ele havia entalhado suas iniciais e as daquela menina da escola.. "como era mesmo o nome dela?".
Naquela época, Julia havia terminado o ensino médio e viera passar as férias com ele. Sempre foram tão amigos, mas naquele verão algo mudou. Eles se olharam diferente enquanto tomavam banho na lagoa e logo um imenso amor eterno nasceu... Foi eterno por 3 anos. 
A dor por perder aquele grande amor ainda pairava suas lembranças, mas depois de Julia, ele já havia amado eternamente 3 ou 4 garotas...
Todas com tamanha intensidade que pareceram dilacerar seu coração de maneira irreparável, até não doer mais e ele novamente se ver perdidamente apaixonado.
Hoje seu coração apertava por Lara...
Tudo nesse quintal lembra Lara...
Levantou-se da cadeira de bambu e caminhou pela varanda de teto baixo. Acariciou os nós de algodão trançado que compunham a rede onde esteve com ela há alguns meses. 
Olhou ao redor e suas lembranças já meio turvas confundiam-se. Com Luíza ou com Lara havia corrido pelo pela varanda lateral imitando a cena do corredor em les et Jim. É engraçado como tudo parece se perder tão rápido...Teria sido com Ana o beijo embaixo da soleira?
Sorriu com o efêmero  do amor. Não que fosse volúvel, mas não conseguiu lembrar nenhum momento em sua vida em que não estivesse apaixonado ou irremediavelmente machucado com alguma relação. 
Nessa bagunça de lembranças e emoções concluiu que aquela não era a primeira nem seria a ultima manhã embriagado com suco de pitanga, lagrimas e aquela ponta de esperança de que tudo passa...

Olhou o relógio, quase 8 horas... 
"Celma já vai chegar"...

...


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